Seguro empresarial deve avançar em 2018
O mercado segurador aposta na retomada de produtos corporativos para aumentar os prêmios em 2018. Além da retomada das coberturas voltadas para o varejo, aprovação das reformas também deve impulsionar apólices de responsabilidade civil e garantia.
Os últimos dados da Confederação Nacional de Seguros Privados (CNseg) apontam que a arrecadação total do mercado atingiu os R$ 21,293 bilhões em outubro, alta de 14,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, de R$ 18,856 bilhões.
Com a melhora do segmento automóvel, por exemplo – avanço de 14,4% para R$ 2,832 bilhões – e da demanda por previdência privada – aumento de 17,5%, de R$ 11,583 bilhões para R$ 13,609 bilhões –, a expectativa é que a agenda do governo impulsione os seguros voltados para pessoas jurídicas.
“O segmento corporativo também tem diversos produtos diferentes que esperam refletir o desempenho da economia ao longo de 2018”, pontua o CEO da Zurich, Edson Franco. “Determinados ramos de seguros podem ter mais resiliência, mas em alguns contextos negativos, não existe segmento que se saia bem num País que vai mal”, completa.
Os números apontam que apenas as sinalizações de retomada já estão sendo suficientes para uma melhora nas contratações dos seguros voltados para empresas.
No caso do seguro de responsabilidade civil, por exemplo, o avanço foi de 16,1% em outubro ante o mesmo intervalo de 2016. Para o diretor da linha de garantia da Willis Towers Watson, Rodrigo Loureiro, porém, grandes corporações ainda estão em compasso de espera, não apenas para as concessões prometidas pelo governo e previstas para o primeiro semestre de 2018, mas também para a mudança na regulamentação do seguro, subindo de 5% para 30% o valor garantido para obras públicas.
“Não é o momento adequado para que esse projeto de lei saia. As empresas ainda estão saindo da crise e dependendo de quem será abrangido pelos ajustes na regulação, fica inviável para as seguradoras. Isso reprime o avanço do mercado e até pode trazer preços mais caros ao seguro”, explica.
Os especialistas ponderam, no entanto, que o segmento não deve se limitar às coberturas já existentes. “Já discutimos com o regulador o seguro de garantia financeira que, na teoria, faz mais sentido do que o seguro judicial. Os resseguradores ainda estão reticentes, mas a perspectiva é positiva e o mercado se reinventa para não ficar parado”, acrescenta.
“Os investimentos em novos produtos e tecnologias acontecerá independente do resultado macroeconômico e político porque nós não podemos ficar parados. O setor já começa a se desviar dessa tendência de superestimar os efeitos de curto prazo e subestimar os de longo para trazer vantagens às coberturas”, diz Franco, da Zurich.
Ciclo benéfico
O ambiente doméstico também não fica de fora das atenções do mercado segurador.
Para o presidente da Sulamerica, Gabriel Portella, a expectativa de todo o avanço do segmento está voltada para a aprovação da reforma da Previdência, uma vez que essa é condição necessária para o equilíbrio fiscal e a volta de confiança. “O setor já coloca no radar todas as discussões sobre impostos e cargas tributárias, mas nada afeta tanto quanto a reforma da Previdência. Mas é uma situação onde resta acompanhar”, afirma.
Para Franco, a retomada econômica do País e o setor são parte de um “ciclo”.
“Já existe um planejamento para essas linhas de seguros. As empresas se comprometem mais à previdência complementar, o maior apetite de compras por parte do consumidor também deve vir com o equilíbrio fiscal e, conforme as concessões tomem corpo, outros seguros devem deslanchar como o patrimonial, seguro de vida dos funcionários, responsabilidade civil. É um ciclo que se retroalimenta”, conclui.
Fonte: DCI